12 de jan. de 2018

Desertos



Não é o vazio que dói                        
É essa plenitude da ausência
Da distância infinita...
Que se criou do nada intencional.

Não é o transcender do ilusório, 
o vazio...
É o transbordar das noites sem ti
É a espera dos dias infindos
E os amanheceres cheios de recomeços iguais.

Não é a fugaz beleza do encantamento
Que machuca, que se rebela no peito
É a impossibilidade do haver
O caminhar lento e solitário rumo ao acaso.

Como vultos incoerentes, obstinados
Fazendo-me crer no inexistente
Não é o vazio que dói
Mas, tudo o que se faz vazio, deserto!


Madalena Gomes
João Pessoa, Pb.
03.01.2018

3 comentários:

Rita Rocha disse...

Que delicia! Não é o vazio que dói... muita poesia... amei! Beijos

Ismeraldo disse...

O doer de uma ausência pela distência deve ser menor que uma distância que se instala estando com o outro perto. E diante dessas duas dores, faz-se reconfortante o sentir-se presente mesmo estando distante. Belo poema, Poetisa Madalena, esse seu DESERTOS

Madalena Gomes disse...

Obrigada Ismeraldo, há Desertos que não doem, realmente, qdo a presença existe mesmo que seja em sonho é reconfortante, sim. Embora ilusória a compensação precisa se formar em nossos corações, é uma forma de sobrevivência às adversidades que são criadas pelos Desertos reais da vida!

Postar um comentário